17 de mai. de 2013
8 de mai. de 2013
Sobre Vagalumes e Turismo para Escritores
Vou tentar
explicar o que fui fazer no Salão do Livro de Genebra na tentativa de
compreender o que fui realmente fazer lá. Ou não, porque posso muito bem ter
corrido atrás do vagalume mais brilhante que passou na minha frente, como é da
minha natureza.
Mandei uns
contos para um grupo literário virtual chamado Varal do Brasil, que se dispõe a
divulgar “literatura sem frescura”. Não gosto de rimas, não sei fazer poesia e
acho literatura uma palavra quase sagrada, mas me pareceu bacana o tom
despretensioso que reunia, aparentemente sem filtro algum, pessoas que gostavam
muito de escrever.
O dia era 15 de
março, prazo final para a inscrição no Salão do Livro de Genebra. Fui convidada
a mandar meu livro, mas o vagalume que me acenou foi a viagem à Suíça. Por uma
taxa de 500 francos (cerca de R$ 1250,00) eu poderia participar de um stand que
divulga escritores brasileiros por lá, sem precisar traduzir meu livro para o
francês. A ideia era vender aos portugueses e brasileiros que trabalham na
cidade e têm saudade de ler algo em sua língua.
Foi lá que
percebi que os quase 30 autores que toparam ir usaram do jeitinho que nos é
natural para chegar ao país. Brasileiros do RJ, POA, BA, PB, brasileiros
suecos, franceses e até suíços por casamento. Eu fui de milhas (até Frankfurt),
duas autoras usaram a verba do governo do TO (através de editais), outra ganhou
o apoio do ES em troca de oficinas literárias que dará em sua cidade e por aí
vai. Os títulos também variavam muito. Poesia, crônicas, cordel, livros sobre a
luta da mulher, sobre cultura indígena, infantis, espíritas, policiais e até
romances e microcontos.
Tem Martha
Medeiros? Tem Barba Ensopada de Sangue? Tem Paulo Coelho? Não tem, embora o
“mago” tenha passado correndo para “prestigiar” seus compatriotas (não, isso
não estava no contrato, mas ele mora ali pertinho). Todos lá são anônimos,
embora dois dos livros vão virar filmes (pela Globo Filmes), alguns já foram
encenados ou musicados, outros infantis publicados em 6 línguas e uma parte dos
autores sairia de lá direto para a Feira da Baviera ou de Turim no mesmo
esquema de stands, também organizados por brasileiras.
A pergunta dos
editores: e vende? Tem gente que diz que vendeu tudo. Eu confesso que dei a
maioria dos livros que levei, pela empolgação (sou uma publicitária que sabe divulgar de tudo, menos a si mesma) e pela chance de fazer uma dedicatória bacana pra
alguém que talvez eu não encontre nunca mais.
De quebra,
deixamos kits com a imprensa (traduzidos em várias línguas) e rezamos todos
para que algum editor francês piedoso não jogue tudo no lixo, como é comum
fazermos quando voltamos cheios de papel desse tipo de evento.
Volto
satisfeita. Valeu o cansaço, a experiência, as trocas, mas talvez agora valha mais eu
sentar a bunda na cadeira e escrever mais uns dois livros até fisgar uma agente
literária que faça esse trabalho (e venda!) por mim. No fim, fica a polêmica
foto com o Paulo Coelho, que postei mesmo sob as vaias da maioria dos meus
amigos intelectuais. Afinal, vagalume que para na minha frente eu costumo
apanhar.
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