Você não é minha prioridade, nem eu a sua.
Começamos mal, mas deixamos as circunstâncias nos levar.
Não sei nada de tecnologia e você não sabia quem era Woody
Allen.
Mas tentávamos nos encontrar em assuntos comuns, viagens, esporte,
família.
Tentei me afastar, te achei desinteressado, você se disse
apenas avoado.
Deu saudade e voltamos, o tempo foi passando leve, tinha a
paixão pra segurar.
Se dava 80% certo, bora empurrar os outros 20 pra debaixo do
tapete.
Fingir que não aconteceu a briga, para acordar de boa no dia
seguinte.
Eu disse que não ia cuidar de você, mas é da minha natureza.
Você mostrou que estava se esforçando porque não era da sua
natureza.
Foi um 2016 bacana. Para dias de folga, namorado, eu
brincava.
Nos dias mais puxados não estávamos juntos pra não
desgastar.
Pavios curtos. Gênios fortes. Namoro meio adolescente.
Era frágil e eu sabia, mas você achava que eu tava sendo
pessimista.
Se me conhecesse bem, saberia o quanto sou otimista.
I love you, but not all the time. E parecia suficiente pra
nós dois.
Mas você precisou de uma brecha pequena pra voar.
E eu precisei saber disso de um jeito Almodovar, como
sempre.
Avoado ou desinteressado, acabou ali. Pra mim, um final
analógico como você.
Diálogos intermináveis e nunca ditos, na minha cabeça de
humanas.
Textos que você não entende, mesmo lendo devagar. Ok seu
como resposta.
Tô velha pra grandes ilusões, mas a surpresa foi sair
machucada.
Devia ter desconfiado de que meio amor nunca é suficiente.