26 de set. de 2011

non sense




Todos os homens com quem eu já fiquei têm nomes bíblicos.
O cara com quem eu saio quer que eu leia Sexo & Amizade.
Meu ex-marido sonhou comigo. De novo. Não perguntei se pelada...

Meus pais querem que eu case. De novo. Não perguntei se de branco...
Meu irmão praguejou que só dará certo dessa vez se for na igreja.
Ouvi do meu filho: Eu e o Buzz já cansamos da nossa missão aqui na Terra.

Minha futura professora de inglês é minha ex-terapeuta.
O relógio do meu carro adianta 3 minutos semanalmente.
Meu total mensal de mercado sempre dá algum valor e 47 centavos.

Prefiro moleskine sem linhas porque dá aflição escrever encostando nelas.
Todo vaso de flores com botão fechado que escolho, seca antes dele abrir.
Para cada 5 livros que compro, leio 1, empresto 1 e desisto do resto no meio.

Acredito em Deus, mas acho que um tal Murphy manda nele.
Meu novo cursinho tem um nome que não sei direito o que significa. De novo.
Sempre achei que perder a noção é melhor do que procurar sentido.

* Imagem: arquivo do FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica).

19 de set. de 2011

Resultado

As bocas continuaram a mexer quando os ouvidos desligaram.
Viveu o silêncio universal, presente instantâneo do pânico.
Como um grande pau no sistema, valendo aqui todos os trocadilhos.
Os neurônios esticavam seus bracinhos para se alcançarem, sem sucesso.
A sensação é a falta de gravidade, de apoio, de chão.
Entranhas reviradas, esperanças dissolvidas, diarréia urgente.
É no silêncio que os budistas dizem ouvir o universo girar.
Queria ouvir a resposta, sem a coragem da pergunta.
Tratou de restartar o ego e os ouvidos se abriram de novo, agora ao apito insistente das máquinas da UTI.

18 de set. de 2011

Fora

Acho que sim, acho que não.
Tem dias em que te quero tanto.
Noutros, escorrego e caio. Fora.