As bocas continuaram a mexer quando os ouvidos desligaram.
Viveu o silêncio universal, presente instantâneo do pânico.
Como um grande pau no sistema, valendo aqui todos os trocadilhos.
Os neurônios esticavam seus bracinhos para se alcançarem, sem sucesso.
A sensação é a falta de gravidade, de apoio, de chão.
Entranhas reviradas, esperanças dissolvidas, diarréia urgente.
É no silêncio que os budistas dizem ouvir o universo girar.
Queria ouvir a resposta, sem a coragem da pergunta.
Tratou de restartar o ego e os ouvidos se abriram de novo, agora ao apito insistente das máquinas da UTI.
2 comentários:
Poxa, adorei. Uma mescla de angústia e sarcasmo. E todas as sensações ali, como quem está perto do fim ou envolto pela ausência de realidade...
Muito bom, Jan!
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