6 de out. de 2011

Gamberra

Ele aceitou pular de paraquedas com ela.
Sem nem questionar se ela dobraria a lona direito.
Porque ela é daquelas que parecem saber de tudo.
E porque já tinham feito coisas mais perigosas juntos,
dessas que envolvem drogas pesadas e sexo sem proteção.

Tentava não pensar tanto nela.
Mas suas músicas começaram a ficar mais doloridas.
Enquanto ela sorria leve e dançava sobre seu corpo.
Ele entregava tudo e se dissolvia num amor minúsculo.
Até acordar sentindo falta de um pedaço cada vez maior de si.

Esperava uma palavra dela para deixar sua esposa e filha.
Mas ela queria o contrário, o gosto da culpa, o perigo.
Intuía que ele não era o único e ignorava as provas.
Talvez ela precisasse da sua devoção. Ou ao menos gostasse.
Difícil era convencer seu orgulho a se contentar com isso.

Preferiu sofrer o luto e dobrou ele mesmo o paraquedas.
Lá em cima, sem ninguém ver, colocou o seu no lugar do dela.
Na hora de saltar, ela resolveu se agarrar ao instrutor.
Porque o demônio sempre sabe de tudo antes da gente.
E continua muito do vivo, se alimentando de corações partidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amor que mata.