Elas ficaram presas no espelho.
Vindas de três dias de viagem etílica, desmanchadas e desarmadas de vaidade.
Crianças índias murmuram de leve em seus ouvidos surdos.
Suas almas entendem o segredo e voltam a dançar alucinadamente.
A música repete Open your eyes mas seus olhos colados não veem o chão.
Chovem gotas mornas em seus ombros.
Os pés flutuam e elas começam a evaporar.
Mastigam gelo, tragam fumaças alheias e compartilham fluídos.
Labirinto impossível. Não há caminho de volta, nem memória.
O mundo lá fora não chama mais por elas.
Tentam o mar. Entram numa garrafa e vão longe.
Mas não querem ser salvas, querem portos distantes, tatuagens, faróis, naufrágios. Sobem num cavalo marinho e desviam de redes de pescadores.
Pra que voltar? E por quem?
As crianças cantam de novo nos ouvidos.
Ex-índias, agora assopram e descolam seus olhos.
Está tudo claro demais. Tudo dói.
A saída é íngreme e escorregadia.
Agarram o mato com as unhas, choram sem fôlego, matam expectativas e finalmente vão embora de lá montadas no rabo de um dragão.
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